Olá!

Somos um grupo focado em trazer a vocês todo o conteúdo possível sobre o campo da neurociência. Esperamos esclarecer dúvidas e acrescentar conhecimento. Estamos completamente abertos a críticas e sugestões. Deixe seu comentário!!! Equipe InfoNeuro

Dicas para turbinar o cérebro



Como ser mais criativo, ter uma memória melhor, ser mais concentrado, reduzir a taxa de erros, ser um destaque no trabalho, nas rodas sociais, no ambiente familiar, enfim… como turbinar os neurônios para tomar as micro e macro decisões que fazem toda a diferença no dia-a-dia.
Segundo o Neurologista Leandro Teles (formado e especializado pela Universidade de São Paulo): “Se tem uma coisa no corpo humano que dá para melhorar com  hábitos específicos, essa coisa é o cérebro! Mas, se você realmente quer melhorar a performance dessa fascinante estrutura, terá que se esforçar, aparar inúmeras pequenas arestas comportamentais e exercitar no dia-a-dia cada complexa função cerebral”.
Seguem algumas dicas dadas pelo especialista para tirar o melhor do seu cérebro:

1-      Cuide dos ambientes:  passo número 1!! As funções cerebrais são muito sensíveis ao ambiente. Tem ambiente propício ao sono, ao trabalho, a criatividade, a memorização, e por aí vai. Lugares bagunçados, mal ventilados, com temperatura inadequada são propícios à falta de concentração, irritabilidade e baixo rendimento. É como colocar um bom jogador de futebol em um gramadinho todo esburacado. Se você quer melhorar esse ano, comece organizando sua casa, seu escritório, sua mesa, seu carro, etc… Dentro de um ambiente planejado, o foco, a concentração e mesmo a criatividade tendem a florescer com muito mais facilidade.

2-      Descanse o suficiente: não dá para imaginar atividade cerebral de alto nível sem descanso. O sono tem que ser profundo, duradouro e reparador. Durante o sono se consolidam memórias do dia anterior, ocorre organização do raciocínio, o cérebro exercita criatividade e libera uma série de hormônios que modulam a reparação de tecidos levando a maior longevidade e qualidade de vida. Dê atenção total ao seu sono e seu descanso de modo geral. Nada de ficar sem férias, não curtir seus finais de semana, não dar um cochilinho à tarde de vez em quando. Enfim, descansar é trabalhar! É obrigação para quem almeja qualidade cognitiva. (só precisa explicar isso pro seu chefe agora)

3-      Alimente-se melhor: a relação entre alimentação e funções cerebrais superiores é intensa e complexa. Nosso sistema nervoso é sensível à alimentação muito calórica, rica em gordura de má qualidade (como a gordura saturada, de fontes animais) e em grandes porções. Quem já tentou trabalhar à tarde depois de uma feijoada? A dica é: pequenas porções, várias vezes ao dia. Alimentos de fácil digestão, bastante líquido, evitar álcool e estimulantes, como a cafeína em excesso. As escolhas devem priorizar verduras, legumes, grãos, carnes magras e frutas.

4-      Organize seu tempo: o erro mais comum de quem reclama de lapsos de memória, dificuldade de concentração e taxa alta de erros no trabalho, é o gerenciamento do tempo. As pessoas encavalam os afazeres, fazem várias coisas ao mesmo tempo, o preço disso é uma queda brutal na qualidade. Procure fazer seu dia render melhor, estabeleça uma agenda com lógica interna e prioridades. Faça uma coisa de cada vez, resolva os problemas, tente não empurrar com a barriga para as coisas não acumularem.  Tente fugir do trânsito, delegar mais afazeres aos outros (cercando-se de pessoas competentes), se desconectar do celular e redes sociais quando isso for possível e necessário, enfim… procure mergulhar no problema atual e resolvê-lo com competência, sem competição de estímulos e sobrecarga neurológica.

5-      Controle o nível de ansiedade e stress: aqui mais dois inimigos do bom rendimento neurológico. A ansiedade acelera a tomada de decisões e nubla a visão dos determinantes do problema. Ela também antecipa preocupações do futuro, tirando completamente o foco do presente. O stress constante libera adrenalina e cortisol no sangue, o que também não é favorável ao bom funcionamento do cérebro, do sistema imunológico e cardiovascular. O stress gera irritabilidade, insônia, cansaço mental, franca dificuldade na atenção, raciocínio lógico sequencial, criação e memorização. Para combater a ansiedade e o stress procure identificar e solucionar seus determinantes, praticar atividades físicas regulares e procurar ajuda médica especializada.

 6-      Exercite seu cérebro: esse é um item fundamental. Abasteça seu cérebro com novas experiências, faça planos, trace metas, corra atrás delas. Busque atividade intelectual constantemente, tire seu cérebro da zona de conforto, altere caminhos, aprenda idiomas, esportes, instrumentos, etc… Faça atividades lúdicas que fortaleçam o raciocínio, a linguagem, a memorização e a concentração. Monte quebra-cabeças, jogue xadrez, cartas, faça palavras-cruzadas, etc… converse com pessoas inteligentes, exercite seu senso de humor e  viva intensamente. O cérebro precisa de desafios, ser surpreendido, ser exposto à experiências e sensações diferentes. O tédio, a falta de perspectiva, a inércia cognitiva e a acomodação são os maiores responsáveis pela inaptidão intelectual.

Agora é com você! Você está com a faca e o queijo… quer dizer, você tem seu cérebro e sua vida nas mãos, faça suas escolhas.


Saiba mais sobre a Síndrome do Membro Fantasma



Você acredita em fantasmas? E em membro fantasma? Segundo especialistas, isso não é uma questão de crença, é um curioso evento neurológico. Quem não assistiu e se comoveu com a história do rapaz que teve seu braço amputado em um assistente na Avenida Paulista? Segundo relatos, a impressão do rapaz de que o membro ainda estava lá em seu corpo era bastante intensa e real. Na verdade, essa impressão pode perdurar por meses, anos, ou até pela vida inteira. Mas, qual será a explicação científica para esse fenômeno e quais os desconfortos que ele pode trazer?
Segundo o neurologista Leandro Teles, formado e especializado pele USP: “Existe um conflito entre a perda anatômica, a imagem corporal cerebral, a memória sensitiva e aspectos psíquicos. O membro sai do corpo, mas não sai do cérebro, isso pode gerar o aparecimento do membro fantasma, algum desconforto e até dores crônicas de difícil tratamento”.
O cérebro humano possui um mapa corporal definido, cada parte do corpo tem uma localização específica no cérebro. Esse mapa é conhecido como homúnculo, temos um mapa motor e outro sensitivo. Um membro recebe instruções motoras do cérebro através da medula e dos nervos, da mesma forma que comunica questões sensitivas ao cérebro pelos nervos e pela medula. A perda do membro não destrói integralmente esse caminho neurológico, o cérebro enxerga visualmente que o braço não está lá, mas recebe informações sensoriais que viriam daquele sítio. Para agravar ainda mais a condição o cérebro está recheado de memórias prévias a amputação e a pessoa pode até sonhar com o membro íntegro.
“É como esse desconectássemos uma impressora do computador cortando seus fios. Para o computador, a impressora continua instalada e sua porta de entrada, ocupada. Por isso ele continuará tentando utilizá-la, o que gerará mensagens de erro.” explica o neurologista.
Com relação aos sintomas, o paciente amputado pode perceber continuamente como se o membro estivesse lá. Alguns referem o sintoma apenas de vez em quando. Uns descrevem como se o membro estivesse parado, estático, muitas vezes na posição que estava na hora da perda, enquanto outros descrevem até sensação de movimento. Podem ocorrer reflexos como tentar retirar o membro inexistente quando algo passa perto ou algum desconforto quando se coloca em posição que pudesse causar dano ao membro.
Além da percepção do membro fantasma, também pode surgir a temida dor do membro fantasma. Segundo Teles: “A percepção do membro é uma coisa, a dor cônica nesse membro, outra. A dor no membro fantasma tem determinantes cerebrais, psíquicos, alteração do nervo no local do coto, memória de dor previa a amputação, fatores medulares, adaptação a órtese, etc. Como podemos ver a causa é multifatorial e o tratamento também deve ser abrangente e personalizado”.
O membro fantasma é mais um exemplo da fascinante e complexa engrenagem neurológica do ser humano. Sendo um efeito colateral eventual da luta adaptativa que nos mostra extraordinários exemplo de superação e força de vontade.

Cientistas usam ressonância magnética para ler sonhos


Analisando a atividade cerebral de uma pessoa durante o sono, equipe japonesa conseguiu identificar o tipo de imagem que estava sendo vista

Pesquisadores japoneses inventaram uma espécie de "leitor de sonhos" com base no monitoramento da atividade cerebral. Eles utilizaram imagens de ressonância magnética para identificar o que as pessoas estavam sonhando, e, de acordo com o estudo, publicado online nesta quinta-feira na revista Science, foram bem-sucedidos em cerca de 60% dos casos.
Para que isso fosse possível, os pesquisadores tiveram primeiro que "treinar" o sistema. Três voluntários tiveram os cérebros monitorados por ressonância magnética enquanto dormiam, e eram acordados todas as vezes em que atividade cerebral era detectada no córtex visual, para relatar com o que estavam sonhando. Os pesquisadores selecionaram nos relatos palavras-chave relacionadas a objetos ou cenas visuais. As palavras foram inseridas em uma base de dados que as organizou em grupos lexicais – as palavras "casa", "hotel" e "prédio", por exemplo, foram agrupadas.
Apesar de a maior parte dos sonhos estar associada ao sono REM (Rapid Eye Movement – em português, "movimento rápido dos olhos"), ele pode acontecer em outras fases do sono. O estudo teve como foco a fase transitória entre estar acordado e adormecer, para que fosse possível realizar um número maior de observações, acordando os participantes com frequência para que eles relatassem com o que estavam sonhando.
Foram selecionadas imagens que representassem cada grupo de palavras. Os pesquisadores então mediram a atividade cerebral de cada voluntário ao observar as imagens de cada grupo do banco de dados."Nós esperamos que essas descobertas levem a um melhor entendimento do funcionamento do sonho e de eventos neurais espontâneos", escrevem os autores.

Opinião do especialista

"É muito difícil fazer o que eles fizeram, por algumas razões. Eles usaram os relatos verbais, mas não palavras exatamente. Eles colocaram as palavras em uma rede que as agrupou de acordo com significados comuns, e isso permitiu a eles reduzir os parâmetros. Fica mais fácil procurar algo quando você tem menos opções. A classificação obtida está longe de ser perfeita, mas é muito boa.
Além disso, os voluntários tiveram que dormir dentro do aparelho de ressonância magnética, em uma situação barulhenta e claustrofóbica, o que dificulta o trabalho. Apesar de terem feito o estudo com apenas três sujeitos, eles repetiram o exercício de dormir e acordar 200 vezes com cada um, então a base de dados que eles reuniram é grande.
É interessante notar que os pesquisadores obtiveram os melhores resultados quando analisaram áreas cerebrais mais relacionadas com a memória (como o hipocampo) do que apenas com as imagens. Isso ocorre porque nessas regiões o que existe é o conceito universal de 'casa', e não a imagem de uma casa específica, por exemplo. Isso torna a decodificação mais precisa.
O estudo representa grandes avanços na área. Do ponto de vista teórico, muitas pessoas acreditam até hoje que o sonho é um fenômeno da vigília, ou seja, você não sonha de fato, mas constrói aquelas imagens na hora que acorda. Esse experimento mostra que isso não é verdade. Além disso, ele abre a possibilidade de entender como acontece o processamento de memória durante o sonho. Já existem trabalhos que mostram que o sono facilita o processamento da memória, mas em relação ao sonho isso não está claro."

Sidarta Ribeiro
Diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

04/04/2013
Fonte: Veja

Cientistas criam técnica que torna o cérebro transparente


Nova tecnologia promete revolucionar estudo do órgão, que antes sofria danos quando era remontado em computador a partir de fatias

Uma equipe multidisciplinar da Universidade de Stanford, na Califórnia, desenvolveu um método para estudar o cérebro sem alterar sua forma e conexões internas, graças a um processo químico que o torna transparente, anunciou nesta quarta-feira a instituição. Até o momento, o estudo do interior do cérebro implicava seccioná-lo, com a perda consequente de sua estrutura. Graças à nova técnica, batizada Clarity, o membro pode ser estudado como uma peça inteira, sem a necessidade de fatiá-lo.
O procedimento implica na troca das bicapas lipídicas - camadas que envolvem as células cerebrais e as mantêm opacas - por moléculas de um hidrogel transparente. A substituição não afeta a estrutura do cérebro.
Com isso, a nova técnica apresenta um grande potencial para acelerar as pesquisas sobre doenças como o Alzheimer e a esquizofrenia e lançar luz sobre os neurônios vinculados à Síndrome de Down e ao autismo.
"O estudo de sistemas intactos com esse tipo de resolução molecular e em toda sua dimensão foi um objetivo não alcançado na biologia, uma meta que o Clarity começa a cumprir", explicou coordenador do estudo, Karl Deisseroth, que faz parte do departamento de bioengenharia e psiquiatria da Universidade de Stanford.
Teste em ratos — O método, divulgado nesta quarta-feira em um artigo publicado na internet pela revista Nature, foi testado fundamentalmente com cérebros de ratos, mas também passou com sucesso por experiências com peixes-zebra e amostras de cérebro humano.
Os cientistas podem penetrar nele com tecnologia tridimensional, fazer medições e utilizar produtos químicos que permitam distinguir suas estruturas internas por cores. "Nunca mais o estudo em profundidade do nosso órgão tridimensional mais importante ficará limitado por métodos bidimensionais", indicou Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos.

11/04/2013
Fonte: Veja

Boa relação com o médico aumenta tolerância à dor


Estudo encontrou bases neurobiológicas para explicar como uma relação de confiança e empatia com médicos melhora quadros de saúde do paciente

A relação entre médico e paciente baseada em empatia e confiança não só é fundamental para que o paciente se sinta à vontade durante a consulta, mas também altera a sua resposta ao stress e aumenta a sua tolerância à dor. Foi o que concluíram pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, em um trabalho publicado na última edição do periódicoPatiente Education and Counseling.
De acordo com Issidoros Sarinopoulos, professor de radiologia e coordenador da pesquisa, estudos recentes vêm demonstrando que médicos mais atenciosos e cuidadosos têm pacientes mais felizes e com melhores quadros de saúde. No entanto, ele explica, o mecanismo biológico responsável por isso ocorrer era, até então, desconhecido. “Nosso estudo é o primeiro a analisar essa relação a partir de um ponto de vista neurobiológico”, diz.
A pesquisa de Sarinopoulos selecionou nove pacientes do sexo feminino. Elas foram divididas aleatoriamente entre dois tipos de consulta médica.  Em um dos tipos, a consulta tinha abordagem centrada no paciente, o médico permitiu que ela falasse sobre qualquer preocupação ou dúvida e também fez perguntas sobre família, trabalho e outros fatores psicológicos e sociais que afetam a saúde. Na outra consulta, as pacientes foram questionados apenas sobre aspectos clínicos específicos, como sobre quais remédios estavam tomando e histórico médico.
Após a consulta, as participantes responderam a um questionário sobre a consulta para que os pesquisadores avaliassem a diferença entre cada tipo de abordagem. As mulheres que passaram pela consulta focada no paciente relataram maior satisfação e afirmaram sentir mais confiança nos médicos do que as outras participantes.
Atividade cerebral — Depois, as mulheres que passaram pela consulta centrada no paciente foram submetidas a uma ressonância magnética. Durante o exame, elas receberam uma série de choques elétricos cuja sensação é semelhante à de pontadas de agulha. Elas também ficaram de frente a, hora uma foto do médico que havia lhe atendido antes do exame, hora uma foto de um médico desconhecido. Com isso, os pesquisadores queriam descobrir de que forma a imagem de um profissional de confiança interfere na atividade cerebral em situações como essa.
Os resultados mostraram que a atividade de uma região do cérebro responsável por deixar a pessoa consciente da dor foi menor quando as pacientes olhavam para a foto do médico conhecido. Os relatos das próprias participantes confirmaram essas conclusões: após os exames, elas afirmaram ter sentido menos dor nos momentos em que olhavam para o médico conhecido.
Para Sarinopoulos, como a amostra dessa pesquisa foi pequena, é preciso que esses resultados sejam confirmados em um estudo de escala maior. “Mesmo assim, esse já é um bom primeiro passo para colocar peso científico na hora de defender que os médicos construam uma relação de empatia e confiança com seus pacientes”, diz o pesquisador. "É importante para os médicos e outros profissionais saberem que há uma explicação biológica para que isso seja defendido."

04/12/2012
Fonte: Veja

Testes de QI são imprecisos, diz estudo


Pesquisa defende a existência de diversos tipos de inteligência relacionados a diferentes áreas do cérebro. Por isso, os atuais testes de QI são 'uma simplificação enorme', diz cientista

Testes padronizados de quociente de inteligência (QI) geram resultados enganosos. É o que mostra um estudo feito a partir da maior enquete on-line sobre o tema, que envolveu milhares de pessoas de várias culturas, idades, credos e nacionalidades. Segundo um dos autores da pesquisa, Adam Hampshire, da Universidade Western Ontario, há diferentes tipos de inteligência, relacionadas a diferentes áreas do cérebro, e por isso não é possível medir a capacidade intelectual sem exames mais detalhados. "Uma pessoa pode ser forte em uma área, mas isso não significa que será forte em outra", diz o pesquisador, em entrevista ao site de VEJA.
A pesquisa, publicada na revista Neuron em dezembro, contou com a participação via internet de mais de 100.000 pessoas. Elas responderam a uma pesquisa de hábitos e histórico de vida e a 12 testes cognitivos relacionados a memória, raciocínio, atenção e capacidade de planejamento.
Os resultados mostraram que quando uma vasta gama de capacidades cognitivas é explorada, as variações observadas são explicadas por pelo menos três diferentes componentes: memória de curto prazo, raciocínio e um componente verbal. Exames de ressonância magnética mostraram que as diferentes habilidades cognitivas estão localizadas em circuitos distintos do cérebro e que não há um "fator geral" de inteligência coordenando as diversas capacidades. Este "fator geral" é a premissa dos testes tradicionais de QI.
Por conta da variedade de entrevistados, os resultados forneceram novas informações sobre como fatores como idade, gênero e hábitos influenciam a função cerebral. De acordo com o neurocientista Adrian Owen, coautor da pesquisa, o treinamento cerebral regular (como jogos criados para desenvolver as habilidades cognitivas) não ajuda o desempenho cognitivo como um todo. O envelhecimento pode ter um profundo efeito negativo sobre a memória e as habilidades de raciocínio. Pessoas que regularmente jogam no computador tiveram um desempenho significativamente melhor em termos de raciocínio e de memória de curto prazo. Fumantes se saíram mal em memória de curto prazo e componentes verbais, e os que sofrem de ansiedade tiveram baixo desempenho em memória de curto prazo.
De acordo com Hampshire, a pesquisa não tem como objetivo acabar com os testes de QI, nem sugerir que todas as pesquisas que usam os testes devam ser descartadas. "Eu sugeriria que testes de QI são uma simplificação enorme. Capturar o intelecto humano com precisão requer um conjunto de testes mais detalhados e que experimentem uma ampla gama de possibilidades". Uma nova versão de testes foi lançada e está disponível na internet.

Por que o teste de QI não mede a inteligência?
Nosso estudo foi concebido para fornecer uma nova perspectiva sobre o que é a base da capacidade intelectual humana. O que os resultados mostraram foi bastante interessante. Existem diversos tipos de inteligência, cada qual relacionado a diferentes "redes" do cérebro. Historicamente, tem sido sugerido que existem diferentes tipos de inteligência, mas tem-se argumentado que todos eles são dominados por um fator geral – ou fator "g". Acredita-se que é este fator geral que os testes de QI medem. No entanto, quando a imagem do cérebro e dados da internet foram considerados em conjunto, não houve evidências de uma rede “g” dominante no cérebro. Também não houve evidências para sugerir que as capacidades de redes que suportam estas diferentes formas de inteligência estão relacionadas. Consequentemente, uma única medida de QI é uma simplificação. Um indivíduo pode ser forte em uma área, mas isso não significa que será forte em outra.

Os testes de QI estão definitivamente mortos? O que irá substituí-los?
Eu não estou tentando argumentar que testes de QI são completamente inúteis. Nem estou sugerindo que todas as pesquisas que usam testes de QI devam ser descartadas. Entretanto, eu sugeriria que testes de QI são uma simplificação enorme. Essas diferenças devem ser tratadas com cautela.

Qual é a melhor maneira de medir a inteligência de alguém? Ou a ideia de medir a inteligência é falha por si só?
Capturar o intelecto humano com precisão requer um conjunto de testes mais detalhados que meçam vários tipos de inteligência. Nós devemos procurar desenvolver testes mais diversos – que experimentem uma ampla gama de possibilidades, em oposição àqueles que medem o mesmo valor de QI tão próximo quanto possível. Este trabalho deve ser restrito e orientado por nossa crescente compreensão de como o cérebro está organizado em um sistema especializado.

Adam Hampshire
PhD em Neurociência Cognitiva


04/01/2013
Fonte: Veja

Idosos bilíngues têm cérebro mais "eficiente"


Idosos que falam mais de um idioma têm mais facilidade em alternar de uma tarefa cognitiva para outra do que idosos que falam apenas uma língua

Idosos que falam duas línguas desde a infância têm mais facilidade em alternar de uma tarefa cognitiva para outra do que pessoas da mesma faixa etária que falam apenas um idioma. Essa é a conclusão de um estudo publicado nessa quarta-feira no periódico The Journal of Neuroscience. A pesquisa também mostra que os indivíduos bilíngues apresentam padrões de atividade cerebral diferentes de seus pares monolíngues ao alternar as atividades.
Conforme uma pessoa envelhece, a flexibilidade cognitiva, ou seja, habilidade de se adaptar a circunstâncias inesperadas, se torna mais restrita. Estudos recentes sugerem que falar duas línguas ao longo da vida pode reduzir essa perda, devido ao fato do indivíduo alternar o idioma falado com frequência.
Pesquisa — Para estudar como a habilidade de falar mais de uma língua desde a infância afeta o funcionamento neural, pesquisadores da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, monitoraram a atividade cerebral de 110 participantes por meio de ressonância magnética funcional (procedimento que detecta atividade cerebral associada a mudanças no fluxo sanguíneo) durante a realização de um teste cognitivo.
A atividade consistia em descrever a cor ou a forma de figuras, que podiam ser círculos ou quadrados, azuis ou vermelhos, conforme era solicitado. O mesmo teste foi aplicado a dois grupos distintos. O primeiro, composto por 30 idosos (de 60 a 68 anos), sendo 15 bilíngues e 15 monolíngues e o segundo, por 20 adultos monolíngues, 20 adultos bilíngues, 20 idosos bilíngues e 20 idosos monolíngues.
Para a realização desse estudo, o termo 'bilíngue' correspondeu a uma pessoa que fala inglês e outro idioma diariamente, desde os dez anos de idade ou menos.
Os resultados mostraram que tanto os indivíduos bilíngues quanto os monolíngues completaram a tarefa de forma correta. Os bilíngues idosos, porém, o fizeram de modo mais rápido e mais eficiente, o que significa que tiveram menos gasto de energia no córtex frontal (área envolvida na mudança de tarefas) para cumprir o mesmo teste.
Dentre os adultos, porém, o fato de ser bilíngue não influenciou o desempenho no cumprimento do teste, nem a atividade cerebral dos participantes.
Para Brian Gold, integrante do grupo de pesquisadores, esses resultados sugerem que o bilinguismo pode, ao longo dos anos, causar benefícios no funcionamento das regiões frontais do cérebro durante o envelhecimento. 

11/01/2013
Fonte: Veja

 
Copyright InfoNeuro™ © 2013 | All rights reserved by 6ª Sexy.